SAUDADE DO BREGUINHA, OS 737-200 | UaiSôMochilando Blog
O Avião Favorito do Junior de Carvalho...
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Foto: Junior de Carvalho no PP-SMA - Lagoa Santa - MG Acervo Pessoal |
A VASP foi a maior operadora do "Breguinha" no Brasil, com mais de 30 jatos na frota, incluindo alguns equipamentos que foram arrendados durante a alta estação. A VARIG contou com 20 aviões, sendo que seis operaram anteriormente nas cores da CRUZEIRO. Algumas companhias de pequeno porte e de fretamento também utilizaram o "Breguinha" por pouco tempo, como a Rico Linhas Aéreas, do Amazonas, e a TAF, do Ceará, além da própria FAB, que manteve em operação, até pouco tempo atrás, duas aeronaves em estado impecável de conservação no Grupo de Transporte Especial (GTE): o FAB 2115 e FAB 2116, que tinham a designação militar VC-96.
É o caso do comandante Ivan Carvalho, que foi responsável pelo departamento de Flight Standards na antiga Varig.
O 737-200 foi para uma geração de pilotos no Brasil o verdadeiro avião-escola, tanto para os comandantes promovidos, como para os copilotos novinhos.
O desafio era grande, pois uma das exigências para sair PLA (Piloto de Linha Aérea) na empresa era passar por uma verdadeira peneira com três voos de check e ainda um voo em rota para confirmação, que durava não menos do que três dias.
Não raro era ouvir que algum colega havia sido reprovado nessa fase e teria que ter um reforço.
Lembro-me bem de que no meu check da segunda fase, que compreendia a verificação do gerenciamento do voo, tivemos uma despressurizarão na descida para Salvador, com direito a um barotrauma, que me deixou fora de voo por 15 dias.
Desde então tive a real dimensão do que é voar com um resfriado”, recorda Carvalho.
O comandante faz questão de ressaltar que o “Brega” na Varig quase virou “chique” porque a companhia investiu pesado para deixar o 737-200 mais moderno e econômico, incluindo a incorporação do sistema de navegação por satélites.
Mas isso aconteceu nos últimos anos de operação do jato. Até lá, os desafios eram grandes.
No início, tínhamos o sistema ômega de navegação e o PMS de desempenho, que eram ferramentas para gerenciarmos de modo eficaz o consumo dos dois motores PWA JT8-17. Além de emitirem aquele barulho intenso, eles também tinham que ser monitorados por conta do consumo de combustível. Ao ser desativado o Omega, a empresa adotou o uso de um FMS GNSS. Recordo de um colega, que voava o 737-300, ter feito um voo conosco no jump seat e, ao ver programarmos um arco DME emendando na interceptação do LOC, comentar que estava com saudade do velho 200, diz o comandante Ivan em tom nostálgico.
Foto: PR-MTG da TAF
... não tive dúvida! Informei ao colega, o copiloto Lincoln Borges, que iríamos desligar o motor. Para compensar a tendência para a esquerda, foi necessário aplicar apenas dois dedos (2 cm) de rudder. Efetuamos os procedimentos de falha de motor e retornamos para Goiânia como se estivéssemos em um voo normal. Por isso, considero o 737-200 um bravo guerreiro..., avalia Ribeiro.


Foto: PP-SMR
A Vasp, que contou com o maior número de aviões clássicos no país, não investiu na modernização da frota.
Nos últimos anos, o piloto que colocou do bolso para a aquisição de um aparelho de GPS portátil, conseguiu realizar etapas mais longas com melhores resultados na navegação e consequente redução de consumo de combustível.
Executar um procedimento de descida do tipo STAR num “Brega” nem sempre era muito fácil, como lembra o copiloto Márcio Augusto, que operou o jato por dois anos na companhia paulista. Nos últimos tempos de operação, fazia falta um GPS ou sistema inercial.
Era um avião dócil de se voar e aceitava bem os erros cometidos por um piloto que nunca tinha voado um avião a jato.
Oferecia boa potência e, principalmente, era muito confiável.
Apesar da pouca manutenção que tinha nos tempos finais da Vasp, sempre dava para fazer o voo, mesmo com alguma pane não totalmente resolvida.
Como tinha pouca eletrônica, a manutenção era fácil e, com conhecimentos básicos, qualquer mecânico resolvia os problemas que surgiam na rota.