LADRÕES FINGEM SER AMBULANTES PARA COMETER CRIMES | UaiSôMochilando News

Ladrões se fingem de vendedores ambulantes para aproximar das vítimas e cometer crimes nas praias.


Da cervejinha à canga, do picolé ao chapéu, a presença de vendedores ambulantes dos mais diversos, alguns especialmente carismáticos e velhos conhecidos dos banhistas, ajuda a compor o charme das praias do Rio. Contudo, há quem se aproveite do suor e do respeito conquistado por esses trabalhadores para fazer aflorar o que a orla carioca pode trazer de pior: a sensação de insegurança.

Nos últimos meses, a ação de falsos ambulantes, que se valem do disfarce para cometer crimes, tornou-se comum nas areias da cidade, sobretudo na Zona Sul e, ainda mais, em Copacabana, justamente a praia mais famosa do Brasil.

Da virada do ano até o início de maio, o jornal O GLOBO contabilizou pelo menos oito prisões nessas circunstâncias, seja pela Polícia Militar (PM), seja pela Guarda Municipal (GM-Rio), um flagrante a cada duas semanas, portanto. 

Embora o problema não seja exatamente novo, com episódios pontuais de maior repercussão em 2017 e 2019, por exemplo, relatos que se avolumam entre frequentadores e nas redes sociais comprovam que a cena vem sendo muito mais constante.


Outro dia, teve até perseguição na altura do Posto 5. Vi uns homens correndo atrás do rapaz, banhistas mesmo, mas ele largou o isopor com gelo, e acho que conseguiu fugir, porque depois voltaram contrariados. Recorda a universitária Juliana D’Almeida Cruz, de 23 anos, moradora de Copacabana e já acostumada a momentos de tensão semelhantes no bairro. 

| Estrangeiros São Principais Alvos

A perseguição descrita pela jovem ilustra o modus operandi desses criminosos não apenas pela simulação de estar vendendo algum produto, mas também pelo tipo de material escolhido. O mais comum é que eles optem por itens leves e de simples armazenamento, como isopores ou pequenas caixas, de modo a facilitar uma eventual fuga.

Já abordamos suspeitos que levavam caixas de chocolate ou de outros produtos e, por baixo, no fundo, estava o que foi furtado, como cordões e até celulares. Ter uma fácil locomoção, sem toda uma estrutura acompanhando a suposta venda, colabora para esse tipo de atuação criminosa. explica o delegado e secretário municipal de Ordem Pública, Brenno Carnevalle, acrescentando que a fiscalização desse tipo de prática é complexa: Eles estão sempre circulando, e a praia tem uma extensão enorme.

Outra característica desse tipo de criminoso é a predileção por vítimas estrangeiras, menos habituadas ao comportamento de um vendedor tradicional. Ao agir, os ladrões costumam tentar distrair os alvos, o que pode incluir o auxílio de cúmplices. Além disso, os falsos ambulantes também buscam chegar o mais perto possível dos clientes, em uma dinâmica que permite, muitas vezes, recolher objetos de valor sem sequer ser notado de imediato.

| Patrulhamento Reforçado

Para conter não só a ação dos falsos ambulantes, mas também a escalada nos furtos de modo geral, as autoridades vêm apostando no aumento do patrulhamento. 

No dia 20 de maio, a Polícia Militar deu início à operação Bom Dia Copacabana, que reforça a presença ostensiva dos agentes nas principais vias e na orla do bairro, em especial no início da manhã. Além do próprio 19º BPM (Copacabana), vêm sendo empregados na iniciativa homens das UPPs da região, do Programa Segurança Presente e até da Polícia Civil.

A Secretaria especial de Ordem Pública (Seop) estuda implementar uma nova identificação única para os ambulantes cadastrados e legalizados, os únicos autorizados a circular pela praia, mais de 600 foram retirados das areias de Copacabana apenas por esse motivo desde o fim do ano passado. A proposta em análise inclui o uso de crachá visível e até uniforme padronizado para os vendedores.

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Fonte: G1 / O GLOBO
Data: 30/05/2022 - Luã Marinatto - RIO
Fotos: Google / JetPhotos
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