POR QUE OS VOOS DOMÉSTICOS NO BRASIL SÃO TÃO CAROS?
Viajar de avião dentro do Brasil é, muitas vezes, sinônimo de bolso apertado. Quem nunca pesquisou uma passagem para destinos nacionais e se surpreendeu ao ver valores parecidos — ou até mais altos — do que para voos internacionais? Mas afinal, por que os voos domésticos no Brasil custam tão caro?
O Brasil lidera os preços na América Latina
Um estudo da plataforma de inteligência turística Mabrian revelou que o Brasil tem a maior média de preços de voos domésticos da região: cerca de US$ 135 (R$ 722) por trecho. Esse valor é quase o dobro do Peru, onde a média é de US$ 70 (R$ 374).
A diferença fica ainda mais clara quando olhamos para algumas rotas:
São Paulo – Rio de Janeiro (357 km): R$ 740
Buenos Aires – Córdoba (647 km): R$ 251
Lima – Cusco (571 km): R$ 237
Bogotá – Medellín (246 km): R$ 165
Ou seja, mesmo em trechos curtos, o passageiro brasileiro paga mais caro.
Por que é tão caro voar no Brasil?
1. Ausência de companhias low cost
Enquanto países como Chile, Colômbia e Argentina já têm forte presença das low costs, no Brasil esse modelo ainda não vingou. Empresas que tentaram adotar preços mais baixos não conseguiram competir no longo prazo, como foi o caso da Webjet, comprada pela Gol em 2011.
2. Concentração do mercado
Atualmente, três empresas — Gol, Latam e Azul — dominam praticamente todo o setor. Essa concentração reduz a competitividade e a chance de preços mais acessíveis.
3. Custos operacionais elevados
Voar no Brasil envolve uma série de desafios:
Alta carga tributária e taxas aeroportuárias;
Combustível caro (pago em dólar, mas com receita em real);
Infraestrutura limitada em aeroportos menores.
Tudo isso encarece a operação e, claro, reflete no preço final da passagem.
4. Questões regulatórias e judiciais
O Brasil é recordista em ações contra companhias aéreas. Para se ter uma ideia: há uma ação judicial a cada 0,52 voos. Nos Estados Unidos, esse número é de uma a cada 2.585 voos. Esse custo extra também é repassado ao passageiro.
5. Falta de alternativas de transporte
Diferente da Europa, onde os trens de alta velocidade competem diretamente com os aviões, no Brasil a malha ferroviária é praticamente inexistente. Isso significa que o avião é, muitas vezes, a única opção para viagens de média e longa distância — e a demanda acaba pressionando os preços.
O impacto para destinos fora do Sudeste
Se voar entre Rio e São Paulo já é caro, a situação piora em cidades mais distantes, como Belém, Manaus ou Cuiabá. Em alguns casos, a passagem de ida e volta ultrapassa facilmente os R$ 2.000, sem falar nas conexões longas e cansativas.
Isso limita o turismo em regiões mais afastadas e dificulta a conectividade de muitas cidades — hoje, apenas 2% dos municípios brasileiros têm voos regulares.
Existe solução?
Alguns modelos adotados em outros países poderiam ajudar:
Subsídios para rotas pouco lucrativas, como ocorre nos EUA e Canadá;
Estatais atuando em regiões remotas, como na Argentina;
Expansão da malha ferroviária, oferecendo concorrência real ao transporte aéreo.
Por aqui, o governo lançou em 2024 o programa Voa Brasil, com passagens a R$ 200 para aposentados em voos de baixa ocupação. Mas a adesão ficou abaixo do esperado: apenas 1% dos bilhetes foram vendidos.
Considerações finais
O sonho de viajar pelo Brasil ainda pesa no orçamento. A extensão territorial, a falta de concorrência e os custos elevados fazem do país o campeão latino-americano no preço das passagens.
Enquanto o cenário não muda, a dica é se planejar com antecedência, ficar de olho em promoções e usar estratégias como milhas e programas de fidelidade para driblar os altos preços.
E você? Já desistiu de uma viagem nacional por causa do preço da passagem? Conta aqui nos comentários a sua experiência!
Quer que eu monte também uma versão resumida estilo “post rápido” para redes sociais, destacando as comparações de preços Brasil x América Latina? Isso pode engajar bem o público.