O VÁRIG 254 - 30 anos | UaiSôMochilando Blog


Boeing 737-200 - PP-VMK o avião do voo Varig 254

O voo VARIG 254 foi uma rota aeronáutica da companhia aérea Varig. Ligava São Paulo a Belém e realizava escalas em Uberaba, Uberlândia, Goiânia, Brasília, Imperatriz e Marabá. No dia 3 de setembro de 1989 um avião Boeing 737-200, prefixo aeronáutico PP-VMK, realizava essa rota quando seu comandante necessitou executar um pouso forçado sobre uma região de selva localizada 60 quilômetros ao norte de São José do Xingu, Mato Grosso, em decorrência de uma "pane seca" (falta de combustível). A aeronave, que havia saído de sua rota após um erro de navegação cometido pela tripulação, transportava 48 passageiros e 6 tripulantes. Com o pouso realizado em condições precárias, 12 passageiros morreram. Todos os 42 sobreviventes sofreram ferimentos: 25 tiveram ferimentos leves e 17 ficaram gravemente feridos.


As investigações sobre o acidente se iniciariam no dia 7 de setembro. Desde o desaparecimento da aeronave, a aeronáutica apontava falha humana como causa do desastre. Havia a suspeita de que os tripulantes do PP-VMK, entre eles o piloto Cézar Augusto Padula Garcez, estivessem distraídos ouvindo o jogo do Brasil contra o Chile, válido pelas Eliminatórias da Copa do Mundo FIFA de 1990 (jogo famoso pela fraude do goleiro chileno Rojas e pela fogueteira do Maracanã). 

No entanto, seria descoberto um erro de navegação localizado no plano de voo fornecido pela VARIG. No plano, estava grafado rumo 0270, significando 027,0 graus. 
A companhia aérea fornecia o mesmo tipo de plano de voo para as aeronaves que usavam proas com decimais e as que usavam apenas o valor inteiro da proa. 
Apesar desta particularidade ser informada aos pilotos nos treinamentos da companhia aérea, o valor expresso no plano de voo 0270 foi interpretado pelo comandante como sendo 270°. 
Este erro de interpretação significa trocar a direção aproximada do norte (27°) pelo rumo oeste (270°). 

O quarto dígito seria utilizado apenas pelas tripulações dos DC-10, que eram equipados com os Sistemas de navegação inercial (INS). Os Boeing 737 não eram equipados com INS, utilizando para navegação sistemas de radiofaróis (NDB) e VOR.

Meses após o acidente, o plano de voo do VARIG 254 foi entregue a 21 pilotos das principais companhias aéreas do mundo durante um teste realizado pela International Federation of Air Line Pilots' Associations (IFALPA). Nada menos que 15 pilotos cometeriam o mesmo erro da tripulação do voo VARIG 254. Após o acidente do voo 254, A VARIG instalaria em suas aeronaves equipamentos para utilização do sistema Omega.

O relatório final do acidente atribuiu o acidente a erro humano, embora as deficiências do plano de voo fornecido pela VARIG (posteriormente a VARIG seria obrigada a suprimir o 4.º dígito dos planos de voo de aeronaves que não possuíam INS) e a falta de um monitoramento aéreo mais eficiente por parte das autoridades (sendo que o controle de aproximação de Belém não dispunha de radar, equipamento instalado posteriormente[9]) tenha contribuído significativamente para ocasionar o acidente. O acidente do Voo VARIG 254 contribuiria para a implantação do Sistema de Vigilância da Amazônia.

O comandante Cesar Garcez e o co-piloto Nilson Zille acabaram condenados mais tarde a quatro anos de prisão,[10] pena convertida em serviços comunitários. A responsabilidade dos dois na tragédia é atribuída ao erro de navegação e relutância em pedir ajuda, tendo optado por tentar descobrir o caminho para Belém sozinhos guiando-se por rádios comerciais e análises visuais culminando na aeronave sem combustível.