TRAVESSIA ÉPICA DE ÔNIBUS: SÃO PAULO A LIMA
As quase 5.000 km por terra, cenários incríveis e perrengues que só quem encara sabe a história completa!
Eu embarquei num trecho da maior linha de ônibus regular do mundo o ônibus da Trans Acreana que sai de São Paulo rumo a Lima (Peru). São cerca de 4.350 km em voos pela Terra, numa aventura que dura de 4 a 5 dias e crava um valor médio de R$ 1.300 por trecho.
Partida e o começo da aventura
A saída é da Barra Funda, às quintas-feiras ao meio-dia, com destino a Lima. O double-deck semi-leito me surpreendeu: confortáveis poltronas, tomadas USB e até wi-fi, luxo raro para viagens longas. Saído cedo, levei meu kit básico: travesseiro, manta, água e lanchinho, essencial para não passar aperto.
Primeiros perrengues e paradas
Logo depois de Campinas, a primeira parada rápida: banheiro apertado e lanche frio. Em Maracaí, São Paulo, uma pausa de 10 minutos para esticar as pernas. À noite, já no Mato Grosso, o trânsito lento em Campo Grande atrasou em 2 horas. No dia seguinte, em Cáceres, paguei R$ 5 por 7 minutos de chuveiro, o essencial para recomeçar a jornada.
Cruzando o coração do Brasil
Nas terras pantaneiras, a estrada segue reta entre Cuiabá e Porto Velho. A vista muda para a selva rondonienses, onde o sinal do celular some e a escuridão é total. Dormi e acordei com o burburinho dos vendedores no meio do nada. Do Acre, o ônibus pegou rumo à fronteira em Assis Brasil, um mix Brasil-Peru já começa ali.
No Peru: montanhas e cultura
A estrada Transoceânica me jogou na Amazônia peruana, depois subiu até os Andes. A altitude chega a quase 4.800 m quando passamos pela cordilheira perto de Abancay e Cusco. A parada em Cusco foi estratégica: chance de um lanche quente e trocar real por novos solos peruanos. Subir até as montanhas quase me fez perder o fôlego.
Chegada em Lima: emoção e alívio
Depois de 110 horas, o ônibus finalmente chega ao terminal Plaza Norte, em Lima, na quinta seguinte. A mudança de clima é brusca: o calor seco do litoral é inversamente diferente ao frio dos Andes. O impacto visual também é grande, você não sai de uma poltrona e dá de cara com o Pacífico.
Por que essa viagem vale a pena?
Custo-benefício: R$ 1.300 por 4 dias e meio por terra, com franquia de bagagem de 50 kg e conforto razoável.
Perrengues reais: chuveiros pagos, calor insuportável dentro do coletivo, cadeiras apertadas.
Paisagens únicas: Pantanal, floresta, Andes e litoral, global em uma só rota.
Dicas do Gérson
Leve alimento pronto, máscara de dormir e lenço de papel.
Reservas em pousadas em Cáceres ou Cusco garantem banhos mais dignos.
Prefira a ida de ônibus e o retorno de avião, para evitar desgaste na volta.
Conclusão? Viajar nessa rota é um mergulho na diversidade da América do Sul, com histórias, culturas e paisagens que não cabem num voo de sete horas. É uma experiência lenta, sim, mas inesquecível. Quer encarar? É uma viagem para contar, e eu já estou planejando a volta.
Por: Gérson Pereira Torres
UaiSôMochilando